Com apenas 12 anos, Matheus João é campeão do skate sub-14 e uma das estrelas do Inter 2021
A grande estrela do skate no Inter 2021 foi Matheus João. Mesmo guardando as devidíssimas proporções, é impossível não se lembrar de Rayssa Leal, a maior skater do Brasil. Aos 13 anos, a menina já entrou para a história com a prata nas Olimpíadas de Tóquio, mas o moleque de 12 anos, que mostrou talento de gente grande na Vila Olímpica do Encantado, já rodou a Europa e também segue o caminho para a consagração.
A simplicidade encantou a todos. Durante o aquecimento geral, Matheus João era apenas mais um — longe de olhares desatentos —, mas bastava prestar um pouco de atenção para perceber a técnica fina de suas manobras. O narrador Bruno Funil, skater das antigas, não parava de elogiar o menino e contar suas façanhas mundo afora.
A desenvoltura na pista do Encantado deu o título da categoria sub-14 ao aluno do Santa Mônica Centro Educacional, inscrito por Cascadura, que foi o grande vencedor da modalidade, com três ouros em quatro possíveis. Matheus conseguiu unir a parte lúdica do skate com a responsabilidade de atender às expectativas e procurou arriscar manobras que todos queriam ver. Tudo isso sem tirar o olho de Joaquim Fernandes, da Rede Daltro, do Recreio, outro talento promissor, de 13 anos, que ficou com o vice-campeonato.
Medalha de ouro no peito, Matheus falou um pouco da sua experiência no exterior:
— Lá todo mundo é bom, tudo acontece. É bem diferente daqui. Aqui é mais sofrido. Sinceramente as pistas lá são melhores. Lá é tudo bom, de mármore. A cidade que mais gostei foi Barcelona, porque lá tem o Macba (pista de skate de fama mundial) e encontramos alguns amigos do meu pai que ele não via há muito tempo. Por isso tudo foi bem legal, até porque alguns amigos meus de Portugal também foram — conta o menino, que enfrentou o fuso-horário do Japão e acompanhou pela tevê a conquista histórica de Rayssa:
— Fiquei a cordado até tarde vendo as Olimpíadas com a minha mãe.
Acostumado a disputar competições importantes, Matheus João tem vários títulos no currículo, apesar dos 12 anos de idade. Mesmo assim, com seu jeito de criança, que ainda parece assimilar os 75 mil seguidores na internet, não deixou de curtir os Jogos entre estudantes:
— O Intercolegial é diferente. Nunca tinha corrido antes. Gostei muito e quero participar novamente — diz. — Para mim (ter tantos seguidores nas redes sociais) é um incentivo, pô! Muitas pessoas me conhecem e me ajudam no Instagram. Às vezes é um pouco complicado sim, porque muitas pessoas mandam mensagem no direct (chat privado) e meu pai tem que ficar lendo cada um. Mas meus pais me ajudam bastante.
Quietinho no seu canto, Wallace Mendes, pai de Matheus, acompanhava a competição atentamente. Até ser descoberto por Bruno Funil, locutor intrépido que tratou de revelar as façanhas do criador do pequeno skatista. Das antigas, ele também viajou bastante e ajudou a construir o cenário positivo dos dias de hoje, assim como Funil. Sem ser "coruja", procurou ser comedido com Matheus, sem, no entanto, deixar de reconhecer o talento do filho.
— Elogio bastante, mas procuro não deixar inflar muito o ego. Elogio, mas sem me emocionar muito porque pode ser que atrapalhe. Muito por influência minha (ao falar da paixão de Matheus pelo skate). Ando de skate há 21 anos, então foi criado com o skate lá em casa.
Se já é comum o incentivo de todos os participantes dos torneios de skate, que torcem um pelos outros, imagine quando é de pai para filho, de forma responsável, obviamente.
— Agora fomos para Portugal mês passado para acompanhar o Matheus num campeonato que ele até ganhou, inclusive. É muito maneiro ver meu filho seguindo meus passos e fazendo coisas maiores do que eu fiz, em relação até a patrocinadores. E tem só 12 anos, um talento muito grande e, como ele gosta, o incentivo bastante — conta Wallace.Na foto abaixo, Matheus João e seu pai, Wallace.
FOTOS: Ari GomesVoltar